Muitos motivos fazem com que Portugal esteja no destino dos brasileiros: os preços mais baixos, o idioma e a proximidade cultural. Em geral, Lisboa é a entrada mais óbvia, mas o país tem muito mais rotas interessantíssimas. Então, que tal visitar o norte, onde nasceu a história local? Uma ótima maneira de começar é chegar pelo Porto, que tem voos diretos de Viracopos/Campinas.
A antiga Portus Cale deu origem ao nome do país e ao primeiro vinho com denominação de origem controlada no mundo, o Vinho do Porto. Foi lá também que os bacalhaus salgados começaram a chegar dos países nórdicos.
E tem mais curiosidade: enquanto o Brasil ficamos com o corpo de Dom Pedro I, na Capela Imperial, em São Paulo, é no Porto, na Igreja da Lapa, que se encontra o coração dele.
Comer e beber bem
Entre os principais diferenciais da cidade estão os restaurantes. Na região da Ribeira, às margens do Douro, é possível apreciar um café ou um cálice de vinho do Porto e o tão famoso bacalhau.
As preparações são inúmeras, mas é uma boa oportunidade para pedir uma boa posta do lombo regado com muito azeite da região. Acompanhado de batatas cozidas e boas azeitonas pretas, que vão deixar saudade instantânea antes de terminar a última garfada.
Construção icônica
Reserve pelo menos dois dias para passear pelos edifícios turísticos da cidade, como o Palácio da Bolsa, que começou a ser construído em 1842, e é um testemunho histórico do gosto eclético e romântico do fim do século 19.
As esculturas em pedras portuguesas, ricas em detalhes, foram feitas à mão. Não se deixe enganar pela ilusão: a madeira, na verdade, é gesso na Sala das Assembleias, e as paredes nos corredores superiores do Pátio das Nações não são de mármore. Os portugueses utilizaram uma técnica francesa que chama Trompe l’oeil (enganar a vista). Também se deslumbre com a beleza do Salão Árabe, o lugar favorito das selfies.
A cidade à pé
Em um passeio pela Rua das Flores, um dos lugares mais movimentados do centro histórico, é possível conhecer lojas pós-modernas como a Meia-Dúzia, que vende geleias artesanais dentro tubos de tinta, e a fachada barroca da Igreja da Misericórdia.
No sebo Chaminé da Mota, é possível ouvir um dos donos contar as histórias bacanas de achados, encontros e reencontros que os livros proporcionam aos clientes. Ao lado está a Ourivesaria Neves e Filha, uma das únicas lojas da rua que mantém a fachada centenária, no comando da mesma família desde a sua criação. Entre joias com fios de ouro, prata ou bronze, há o livro com registros das histórias dos clientes por mais de um século.
Na mesma rua, está a Claus Porto, uma loja de sabonetes que tem mais de 130 anos. Os rótulos são à la Belle Époque, e as fragrâncias são de ingredientes da flora portuguesa. No piso acima da loja, fica um museu com a história e as máquinas antigas do início da produção de sabonetes.
A seguir, está a Chocolataria Equador, que utiliza em suas iguarias o cacau de São Tomé e Príncipe.
Os Azulejos Portugueses
Outra parada essencial é a belíssima Estação São Bento, construída onde antes ficava um convento. Lá, mais de 20 mil azulejos decorativos feitos por Jorge Colaço contam episódios da história de Portugal e mostram algumas paisagens típicas da região, como as conduções de vinho pelo rio Douro e a evolução dos meios de transporte.
As obras do artista também estão em outros lugares da cidade, como na Capela das Almas, no início a Rua de Santa Catarina, uma das ruas comerciais mais movimentadas, com belos exemplos de fachadas art nouveau.
Rabanadas e templo da leitura
É lá que se encontra o café mais famoso da Cidade, o Majestic, que hoje conta com um cardápio variado, com café da manhã (o pequeno almoço dos portugueses), almoço e jantar. Para acompanhar o café ou um cálice do vinho do Porto, nada melhor que a especialidade da casa: as rabanadas. Crocantes por fora, cremosas e suculentas por dentro, são servidas cobertas por um creme de ovos e acompanham frutas secas, nozes e pinholes.
A 10 minutos, outro ponto turístico: a Livraria Lello. Construída em 1906, com uma arquitetura eclética (art nouveau e neogótica), a livraria é umas das mais belas do mundo. Na parte interna, ficam os bustos dos mais célebres escritores portugueses, como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e Teófilo Braga.
A escadaria é o lugar que mais chama atenção. Os degraus, em vermelho vivo, levam até o piso superior, onde podemos ver mais de perto o vitral de mais de 8 metros de comprimento com os dizeres: “Decus in Labore”(“Dignidade no Trabalho”). Uma fã famosa do local é a escritora J. K. Rowling, que usou a livraria de inspiração para criar a “Floreios e Borrões”, a livraria do Harry Potter.
A noite do Porto e a querida Francesinha
A vida noturna do Porto também é muito agitada. Uma boa pedida está nos estabelecimentos ao redor da Praça dos Poveiros, com muitas opções para apreciar um bom fino portuense (chope do Porto). O queridinho dos portuenses é da marca Super Bock, que rivaliza com os lisboetas, que preferem o Sagres.
O prato que acompanha a bebida é o orgulho do Porto: a Francesinha, um x-absolutamente-tudo português. Inspirado no francês Croque Monsieur, o lanche é recheado com carne, salsicha, linguiça, presunto, pernil e o que mais o cozinheiro achar que deve. Ainda há o molho, cuja receita é guardada a sete chaves. A base normalmente é de cerveja, tomate e bastante pimenta, e leva horas para ficar pronto.
Depois de recheado, é colocado em um prato fundo, coberto com queijo, e o tal molho é jogado fervendo por cima, derretendo o queijo, que escorrega por todos os cantos. Para finalizar, decora-se com um ovo frito por cima. Muito se especula sobre qual é a melhor francesinha do Porto. Até agora ninguém teve a coragem de eleger uma.
São inúmeros os pontos turístico do Porto, do coração de Dom Pedro I aos livros do Harry Potter. J. K. Rowling, afinal, tem razão: o Porto é um lugar mágico, não há quem não se encante com uma visita.
Fonte: UOL
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